Andar a cavalo sempre foi um esporte e um passatempo amplamente divulgado na Europa e, posteriormente, no Brasil. Para tal, mesmo para os homens, havia um traje especial que permitisse que o senhor em questão não perdesse em movimentos e conforto. Contudo, à mulher não era dado o direito de andar a cavalo da mesma forma, fosse pelos trajes, fosse pela cela.
Embora haja relatos de mulheres amazonas desde o século XIV, foi entre os séculos XVIII e XIX que a montaria se tornou algo mais comum às mulheres, principalmente nobres e burguesas.
Os enormes vestidos no final do século 18 e de meados do século 19 atrapalhavam muito mais do que ajudavam a locomoção, quem dirá a andar a cavalo. Assim, pensou-se que uma traje específico pudesse ser criado para que mulheres cavalgassem. Claro, ainda nada parecido com as calças justas dos homens.
Cena da famosa série Bridgerton da Netflix que se passa na Era Regencial Inglesa.
Em um primeiro momento, foram vestidos adaptados na largura das saias e mais longos, sem enfeites ou babados, em tecidos mais rústicos e escuros, que permitiam que a mulher subisse no animal sem mostrar os tornozelos e com mais mobilidade mantendo-se equilibradas nas celas laterais. Isso mesmo, nada da mulher deixar o cavalo entre as pernas. Isso fazia algum sentido, pois debaixo das camadas de roupa, não havia ainda a calcinha! As pantaletes eram calças de algodão abertas entre as pernas. Talvez não fosse mesmo confortável andar de forma tradicional.
Com o passar do tempo, foram criados tanto vestidos mais confortáveis para montar, como também roupas mais próximas à moda masculina, tais qual calças sobre as quais se colocavam longas saias na parte traseira. Saias longas com camisas e coletes. Algumas saias possuíam botões laterais que eram fechados quando se apeava impedindo que as mulheres tropeçassem no excesso de pano necessário ao conforto quando se estava sentada de lado no cavalo. Luvas e botas de couro e chapéus específicos também faziam parte do figurino.
Abaixo, a imperatriz austríaca Elisabeth, conhecida como Sissi, que adorava cavalgar e lançou moda nas roupas de montaria bem como na maneira de cavalgar. A mulher só passou a andar a cavalo na mesma cela que o homem na primeira década do século XX.
No meu romance “1862 – A história de Carolina”, a protagonista traz à luz esta discussão sobre andar em uma cela lateral e como isso era ruim para a cavalgada que não era com intuito de apenas passear ou trotar. Lá, eu conto mais curiosidades sobre isso.
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