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Entendendo “A ilustre casa de Ramires” (Eça de Queirós)





Quem foi Eça de Queirós (1845-1900)?

 

          José Maria de Eça de Queirós (ou Queiroz em alguns escritos) é um grande nome da literatura portuguesa.  Nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim, Portugal. Estudou Direito em Coimbra o que lhe possibilitou trabalhar posteriormente com a advocacia, atuar como cônsul e o ajudou a se tornar um dos mais importantes escritores portugueses, já tendo sido reconhecido em vida como tal. Eça escreve durante toda sua vida, tendo seu auge já ao final dela. Seus livros apresentam um antirromantismo, uma objetividade e uma análise crítica da sociedade portuguesa do século 19, típicas da escola Realista. O romancista faleceu em 16 de agosto de 1900, em Paris, onde trabalhava com diplomacia, deixando a esposa e quatro filhos, além de um enorme e importante legado literário.

 

Contexto histórico-literário: O Realismo português

 

Com a intenção de fazer da arte uma representação fiel e mais próxima da realidade, escritores, pintores, escultores, músicos e dramaturgos passaram a privilegiar a objetividade, a impessoalidade, às críticas sociais e morais em suas obras ao final do século 19 em uma direta oposição ao movimento literário anterior, o Romantismo.

O Realismo português, tal qual o brasileiro, se opunha à ideia de idealização ao amor, ao casamento, aos conceitos religiosos em uma clara crítica ao Romantismo. Sendo assim, as obras centravam-se em apresentar a sociedade com todas as suas mazelas e corrupções recorrendo, muitas vezes, à ciência, abordando os aspectos psicológicos das personagens.

O principal romancista do Realismo português foi Eça de Queirós que de em sua terceira fase, vista como mais madura, de um humanismo saudosista, nasceu “A ilustre Casa de Ramires”, publicada postumamente em 1900.

 

 

“A ilustre casa de Ramires” (1900) – sinopse

 

          A história se passa em Portugal durante a segunda metade do século 19 e tem como foco central, a família Ramires, a qual pertence à aristocracia rural portuguesa.

Gonçalo Mendes Ramires, nosso protagonista, deseja ascender socialmente. Para isso, segue por dois caminhos: escrever um romance de enaltação dos feitos da aristocrática, mas falida, família (Casa) Ramires e conseguir um casamento vantajoso.

Seguindo a sugestão de um antigo colega da Universidade de Coimbra, Gonçalo escreve um livro exaltando os feitos de Tructesindo Ramires, seu antepassado distante, escolhendo os fatos e usando da linguagem como lhe convém, distorcendo, muitas vezes, a realidade.

Ao decorrer da narrativa, outros personagens tornar-se-ão importantes para a trama, como Margarida, a irmã de Gonçalo; Adelaide, a prima por quem Gonçalo se apaixonará; e o tio de Gonçalo, o Visconde de Rio Sôr, que é uma figura influente na região.

     Quanto à segunda parte de seus planos, acompanhamos seus flertes com a prima Adelaide, com quem efetivamente se casará.

          Ao final do livro, Gonçalo, já casado e com filhos enfrentando dificuldades financeiras, percebe que sua obsessão pela aristocracia e tradição o afastou da realidade e dos valores modernos deixando-o assim longe de conseguir o que almejava: recuperar a glória e a fortuna da família Ramires.

 

  

O que é importante saber?

 

Quando publicada em 1900, “A ilustre Casa de Ramires” foi vista de forma ambígua: a obra já foi considerada uma homenagem a Portugal; mas também como uma contundente crítica aos costumes do período.

O livro é um retrato da sociedade portuguesa no final do século 19, marcada pela transição da tradição (monarquia, costumes, cultura rural) para a modernidade (república, burguesia, centros urbanos). A obra de Eça de Queirós apresenta um olhar crítico sobre a aristocracia rural e seus valores, ao mesmo tempo em que retrata com detalhes a vida e os costumes da época. Tudo isso através da visão do protagonista, de suas relações familiares, de seu convívio social, de suas ideias e inexplicáveis reações.

O romance desenvolve-se em dois planos que caminham paralelamente. Em um, o plano ideal, projeta-se o tradicionalismo romântico: a retomada da glória de uma família aristocrática rural; no outro, o plano realista, narra-se a vida contemporânea da província. Fica, dessa forma, evidente o contraste entre a nobreza dos feitos guerreiros do romance histórico a ser escrito pelo protagonista e a mesquinhez, os problemas e a vida ordinária que se levava na província daquele presente do narrador.

 

Obra disponível para leitura em:

 

 

Como este livro aparece no vestibular?

 

01. (Fuvest) Ao fazer sua personagem central, Gonçalo Mendes Ramíres, e escrever a novela de seus ancestrais, no romance “A Ilustre Casa de Ramires”, Eça de Queirós estabelece um paralelo entre a antiga nobreza portuguesa e seus atuais descendentes, em que sobressai o sentido de:

A. Continuidade.

B. Complementaridade.

C. Afinidade.

D. Oposição.

E. Superação.

 

02. (Unesp) Ao fim desse inverno escuro e pessimista, uma manhã que eu preguiçava numa cama, sentindo ainda pálido um bafo de primavera ainda tímido – Jacinto assomou à porta do meu quarto, revestindo de flanelas leves, de uma palavra de açucena.

O trecho acima pertence a uma obra do Realismo português, cujo autor escreveu também  Os Maias, entre outros. Suas obras costumam ser distribuídas por três fase, na qual se enquadra a obra que contém o trecho, defende a tese de que a verdadeira facilidade se encontra nas coisas mais simples e puras. Assinale a alternativa que identifica o autor e a obra em questão.

A. Antero de Quental, Primaveras românticas.

B. Antero de Quental, O Príncipe Perfeito

D. Guerra Junqueira, Os simples

E. Eça de Queirós, A Cidade e as Serra


03. (Fuvest) Ostentando um comportamento pessoal que oscila entre a ação e a preguiça, a coragem e a covardia, a mesquinhez e a generosidade, o entusiasmo e a indiferença, o desprendimento e o interesse miúdo, Gonçalo Mendes Ramires parece simbolizar no romance A Ilustre Casa de Ramires:


A. A burguesia portuguesa;

B. Os portugueses de torna-viagem;

C. A aristocracia de sua época;

D. O espírito rural do país;

E. O próprio espírito do país.

 

04. (Fuvest) Em “A ilustre Casa de Ramires”, a novela histórica escrita por Gonçalo apresenta traços dominantes de um tipo de narrativa e de um estilo praticados principalmente durante o

A. Arcadismo.

B. Romantismo.

C. Realismo.

D. Naturalismo.

E. Simbolismo.

 

 

05. (Vunesp) Leia o trecho de A ilustre casa de Ramires, de Eça de Queirós, para responder à questão.

 

“A livraria, clara e larga, respirava para o pomar por duas janelas, uma de peitoril e poiais de pedra almofadados de veludo, outra mais rasgada, de varanda, frescamente perfumada pela madressilva que se enroscava nas grades. Diante dessa varanda, na claridade forte, pousava a mesa – mesa imensa de pés torneados, coberta com uma colcha desbotada de damasco vermelho, e atravancada nessa tarde pelos rijos volumes da História genealógica, todo o Vocabulário de Bluteau, tomos soltos do Panorama, e ao canto, em pilha, as obras de Walter Scott sustentando um copo cheio de cravos amarelos. E daí, da sua cadeira de couro, Gonçalo Mendes Ramires, pensativo diante das tiras de papel almaço, roçando pela testa a rama de pena de pato, avistava sempre a inspiradora da sua Novela – a Torre, a antiquíssima Torre.”

(Eça de Queirós. A ilustre casa de Ramires A ilustre casa de Ramires. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000142.pdf. Adaptado)

 

Assim como Machado de Assis, Eça de Queirós é um escritor que procura apresentar, em sua obra, uma descrição

 

A.    Ufanista da sociedade.

B.    Idealizada da sociedade.

C.    Passional da sociedade.

D.    Realista da sociedade.

E.    Fantasiada da sociedade.

 

 

 

GABARITO

1-    D

2-    C

3-    C

4-    B

5-    D

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