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Foto do escritorLudmila Ribeiro de Mello

Entendendo “Alice no país das maravilhas” (Lewis Carroll)


Quem foi Lewis Carroll? (1832-1898)

 

 Nascido Charles Lutwidge Dodgson, que adotou o pseudônimo de Lewis Carroll para publicar, nasceu na Inglaterra em 1832, foi matemático, fotógrafo, poeta e romancista. Enquanto professor em Oxford, conheceu aquele que viria a ser o seu grande amigo, Henry Liddell, pai de Alice, Lorina e Edite, as quais, segundo ele mesmo, viriam a ser a fonte de inspiração para o seu primeiro grande romance publicado em 1865: Alice in Wonderland. Carroll gostava de criar jogos lógicos e matemáticos para interpretação e desafio, algo que apresenta nos seus livros em forma de enigmas. Faleceu em janeiro de 1898.

 

Contexto histórico-literário: o Realismo inglês

 

O movimento literário conhecido como Realismo estabeleceu-se no continente europeu entre 1850 e 1880 e, assim como no Brasil, seus adeptos rejeitavam a forma idealizada de se ver o mundo, proposta pelos ideais do Romantismo, escola anterior.

As histórias realistas fixam suas raízes no presente do escritor, narrando sobre a realidade sem o véu da idealização. O meio de expressão mais significativo na esfera literária realista é, portanto, o romance social, o psicológico ou a prosa de tese.

Nesta época, a Inglaterra vivia a Era Vitoriana, marcada pela riqueza propiciada pela Revolução Industrial, de um lado; e pela opressão da classe trabalhadora de outro. Foi neste contexto que, ao lado de Dickens e Hardy, emergiram na literatura inglesa nomes como as irmãs Brontë, Oscar Wilde, Joseph Conrad e Lewis Carroll. Sendo que este último faz uso do realismo nonsense em suas obras, ou seja, usa de uma realidade paralela, fantástica para criticar e alfinetar a própria sociedade inglesa de sua época, como vemos em “Alice no país das maravilhas.”

 

 

“Alice no país das maravilhas” – sinopse

 

          A história começa com a jovem Alice sonolenta ouvindo a irmã lhe contar uma história no jardim quando vê um coelho branco falante e, ao segui-lo, acaba caindo em um buraco no chão. Logo após a queda, Alice encontra uma garrafa contendo um líquido que a faz crescer até um tamanho gigantesco e, em seguida, encontra um bolo que a faz ficar muito pequena. Nessa nova escala, ela interage com animais e objetos inusitados, que assumem características humanas, como o modo de andar e a capacidade de falar, tais quais o Gato de Cheshire, um gato sorridente que aparece e desaparece misteriosamente, o Lagarto que ensina a escrever poesia, e o Chapeleiro Maluco, que está sempre preso no tempo do chá das cinco.

Alice também conhece a Rainha de Copas, uma figura autoritária que governa o país com mão de ferro e tem um péssimo temperamento. Alice é convocada para um jogo de croquet bizarro, no qual os equipamentos são animais. Durante a partida, Alice tenta entender as regras estranhas, enquanto a Rainha muda as regras para se favorecer.

Alice é chamada para um julgamento, sem saber do que se trata. O juiz é o próprio Rei e os membros do júri parecem confusos, escrevendo o próprio nome em uma folha repetidamente. O Valete de Copas está sendo acusado de ter roubado as tortas da Rainha e as testemunhas parecem não saber nada sobre o caso, falando apenas absurdos.

Alice é chamada a depor e fica irritada, sendo depois expulsa do tribunal, quando o Rei a acusa de ter mais que três quilômetros de altura. Revoltada, acusa os soldados de serem um mero baralho de cartas e todos se lançam na sua direção. De repente, Alice acorda com a cabeça no colo de sua irmã e percebe que tudo foi apenas um sonho.

 Obs: nenhum dos filmes é completamente fiel ao livro. Bora ler!!

 

O que é importante saber?

 

A história de Alice que cai em uma toca após seguir um coelho falante e chega a uma terra mágica e desafiadora é bastante conhecida, certo? Aparentemente, uma história para crianças. Mas, na verdade, um dos traços característicos da lógica de Lewis Carroll é o poder de forçar as leis da lógica, explorar os limites da linguagem simbólica, mostrar os limites das formulações, no fundo, revelar o nonsense que pode estar escondido sob a aparência da realidade. Todos no País das Maravilhas seriam considerados loucos no mundo real, mas vivem em um universo onde o normal é justamente o anormal – será que nós também não vivemos assim? É o que nos propõe, de forma provocadora, o autor.

Os personagens são como sátiras da sociedade britânica da época, cada um, uma simbologia subversiva, um jeito de viver fora do sistema opressor. Muitos dizem, por exemplo, que a rainha de copas representa a própria rainha Vitória, monarca na época de Carroll. Ou o chapeleiro maluco que se autointitula louco e parece estar sempre preso à hora do chá, que representaria o modo de vida britânico.

Assim, por mais que se assemelhe a uma fábula, “Alice” não deve ser confundida com uma, pois não temos uma lição de moral explícita, por isso, Alice no País das Maravilhas é uma obra aberta a inúmeras interpretações e teorias. Algumas delas, sugerem que Alice seria usuária de drogas alucinógenas ou que ela estaria internada em um hospital psiquiátrico; contudo, o próprio autor disse que não pretendia nada além de mostrar o mundo através dos olhos de uma criança, sua ingenuidade, suas verdades duras e como elas se espantam com as atitudes dos adultos. Será mesmo?

É a primeira vez que a Unicamp propõe a leitura de uma obra da literatura inglesa. Imagina-se que o vestibular possa fazer uma ligação entre o Realismo inglês e o nacional e de que forma as metáforas da obra criticavam a própria sociedade inglesa do final do século 19.



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